Hélio Oiticica

A obra de Hélio Oiticica é marcada pela intensa experimentação ao longo de três décadas de produção, acompanhada por inúmeros textos e elaborações teóricas de sua autoria. O artista fez parte do Grupo Frente e do grupo Neoconcreto, sendo um dos pilares desse movimento carioca. 

Uma de suas principais contribuições para a história da arte brasileira e mundial está no processo de espacialização da cor: quando sua pintura, pouco a pouco, começa a saltar do quadro e a se desenvolver no espaço real, escapando da moldura (física e metafórica) e da natureza bidimensional. 

Sua obra caracteriza-se ainda pela incorporação de outros estímulos sensoriais, para além do visual, como o tato, apelando para a participação do público, que deixa de ser espectador para se tornar ativador e, em alguns casos, parte da obra. É o que ocorre quando Oiticica desenvolve seus Parangolés, série de trabalhos a serem vestidos e ativados por meio da dança  – mais especificamente, do samba. Tal experiência se deve a um emblemático momento de virada na trajetória do artista, quando passa a colaborar com a escola de samba Estação Primeira de Mangueira e a conviver com a comunidade. 

É neste momento que o crítico Mário Pedrosa utiliza pioneiramente o termo “arte pós-moderna” para se referir à produção de Oiticica, cuja vocação, em suas palavras, está para a anti-arte, para as impurezas. Pedrosa escreve em 1966: “Foi durante a iniciação ao samba que o artista passou da experiência visual, em sua pureza, para uma experiência do tato, do movimento, da fruição sensorial dos materiais, em que o corpo inteiro, antes resumido na aristocracia distante do visual, entra como fonte total da sensorialidade”.

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