A produção de Marlene Almeida transita entre a pintura, a escultura e a instalação, tendo como alicerce as expedições de identificação e estudo de solos que realiza. Desde a década de 1970, a pesquisa de campo constitui a primeira instância de conformação de sua obra. É no encontro com as cores e texturas de rochas e argilas de diferentes formações geológicas do Brasil que se dá seu processo criativo, no qual a terra é compreendida não apenas como matéria, mas como linguagem e poética.
Nas palavras da própria artista: “Nas viagens, a relação com a terra se aprofunda de forma indissociável. Mais do que observar, é penetrar na paisagem, sentir seu cheiro, sua textura e as diferenças quase infinitas de suas cores.”
As formas que Marlene Almeida produz a partir dessas matérias — seja em tela, seja em seus trabalhos tridimensionais — guardam a memória dos lugares de coleta, configurando novos sentidos para a ideia de paisagem. Essa dimensão investigativa e processual encontra sua síntese no Museu das Terras Brasileiras, apresentada na 36ª Bienal de São Paulo (2025), obra-inventário que a artista vem constituindo ao longo de mais de cinco décadas, reunindo pigmentos naturais provenientes de diferentes regiões do território nacional.
Marlene Almeida realizou diversas mostras individuais nacionais e internacionais, das quais destacam-se: sua primeira individual na Fundação Cultural da Paraíba, João Pessoa, Brasil (1979); Passatempo, Centro Cultural São Francisco, João Pessoa, Brasil e Instituto Cultural Brasileiro na Alemanha, Berlim, Alemanha (1999–2000); e Tempo para o Destino, Museu Brasileiro de Escultura e Ecologia — MuBe, São Paulo, Brasil (2013). Entre as exposições coletivas, somam-se: 36ª Bienal de São Paulo, Brasil (2025); 38º Panorama da Arte Brasileira, São Paulo, Brasil (2024); ROOTED – Brasilianische Künstlerinnen, Vilsmeier-Linhares, Munique, Alemanha (2024); 2ª Bienal Internacional de Arte em Cerâmica de Jingdezhen, China (2023); e Brasilidade pós-Modernismo, Centro Cultural Banco do Brasil — CCBB, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte, Brasil (2021–2022).
Sua obra integra diversas coleções públicas, como: Embaixada do Brasil em Berlim, Alemanha; Kunsthof, Alemanha; Museu Nacional da República, Brasil; Instituto Burle Marx, Brasil; e Pinacoteca da Universidade Federal da Paraíba, Brasil.
História da terra, 2024
base, pigmentos minerais naturais, e resinas sobre lona (políptico composto por 6 telas)
110 x 300 cm
Terra livre, 2019
7 sacos de tecido de algodão cru, contendo terras de regiões variadas do Brasil (sertão, cariri, brejo e litoral paraibano)
dimensões variadas