Lygia Clark

Lygia Clark é um dos principais nomes da arte geométrica no Brasil, tendo participado do grupo Frente e do grupo Neoconcreto, dentro do qual foi protagonista ao lado de Lygia Pape e Hélio Oiticica. Uma de suas contribuições está no desenvolvimento de uma ideia de linha orgânica, construída não por meio de um traço desenhado, mas de um corte real. Ou seja, em vez de pintar sobre uma superfície, a artista age sobre sua materialidade. Não se trata mais da pintura de uma forma geométrica, e sim de sua concretização por meio de uma ação que ultrapassa os limites pictóricos. 

Outras fronteiras são desconstruídas quando Clark avança com o processo da chamada quebra da moldura, uma das bases do Neoconcretismo. Esse elemento que delimita a fronteira entre o real e o pictórico, que protege o quadro e o faz se comunicar sem choques com o mundo exterior, é dispensado. Emerge o desejo de realizar a obra diretamente no espaço de modo a incorporá-lo como seu componente. Quando isso ocorre, também se diluem as fronteiras entre pintura e escultura, gerando uma nova e complexa categoria denominada por Ferreira Gullar como “não-objeto”. Como afirma o crítico, “a pintura e a escultura atuais convergem para um ponto em comum, afastando-se cada vez mais de suas origens. Tornam-se objetos especiais – não-objetos – para os quais as denominações de escultura e pintura já talvez não tenham muita propriedade”. 

Cada vez mais a produção de Clark se torna dependente da participação corporal do público, enquanto a artista, em vez de autora, passa a ser entendida como propositora de ações e situações a serem vivenciadas por outros. Mais tarde sua produção se conecta a métodos terapêuticos, consolidando a quebra de barreiras entre arte e vida.

Na última década, a obra de Clark tem sido tema de retrospectivas em instituições internacionais como o MoMA e o Guggenheim, em um processo de crescente valorização de sua trajetória, que acompanha a inclusão de suas obras em grandes coleções, entre elas: Tate; MoMA, Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia, Centre Pompidou e Colección Patricia Phelps de Cisneros. Sua obra integra os acervos das principais instituições brasileiras, entre elas a Pinacoteca de São Paulo, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Instituto Inhotim, entre outras.

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