Hélio Melo (Boca do Acre, AM, 1926 – Goiânia, GO, 2001) nasceu no interior do estado do Amazonas e, desde a adolescência, trabalhou como seringueiro em Senápolis, no Acre. Quando, aos 33 anos, chegou com sua família à capital, Rio Branco, manteve o mundo do seringal no centro de sua imaginação e de sua atuação como pintor, impulsionada pela mudança para a cidade.
A maioria de suas obras, ambientadas em florestas, são habitadas por animais e humanos, sendo estes majoritariamente seringueiros ocupados em suas tarefas cotidianas. A floresta é também tratada como um sujeito, um organismo vivo, representada em diferentes momentos, onde vemos nuances de cores e luzes. Mas por trás dessas imagens pitorescas existe a vontade do artista de expressar o descontentamento com a descaracterização dos seringais e com o violento processo de transformação das florestas em pastos.
Seres fantásticos, alguns presentes no imaginário coletivo dos seringais e outros fabulados pelo artista, compõem suas pinturas e corroboram para seu caráter mítico. Transformações sociais que modificaram a vida dos seringueiros e são abordadas com ironia pelo artista, tanto na construção imagética como em alguns títulos.
Em 2006, a obra de Hélio Melo ganhou uma sala especial na 27ª Bienal Internacional de São Paulo. Recentemente, integrou a Bienal das Amazônias, em Belém (2023) e a coletiva Histórias Brasileiras, no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – MASP (2022), além da individual Hélio Melo, apresentada na Almeida & Dale, em 2023. Consolidou-se como o artista mais destacado do Acre, e em sua homenagem o governo do Acre criou o Teatro Hélio Melo. Sua obra integra os acervos do Centre Georges Pompidou, em Paris; Pinacoteca do Estado de São Paulo; MASP; Museu de Arte do Rio – MAR; Museu Acreano de Belas Artes, entre outros.