Cildo Meireles

Cildo Meireles é um dos maiores nomes da arte contemporânea brasileira, cuja obra se conecta mais diretamente ao conceitualismo. Atuante desde os anos 1960, tendo sua obra inicialmente atravessada pelo contexto da ditadura militar, Cildo esteve presente em alguns dos maiores eventos da história da arte nacional, como o “Salão da Bússola”, que ocorreu em 1969 no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – considerado um dos marcos iniciais da arte conceitual no Brasil; também destaca-se o evento “Do corpo à Terra”, organizado pelo crítico Frederico Morais em 1970 no Parque Municipal de Belo Horizonte – onde Cildo executou sua lendária intervenção “Tiradentes: totem-monumento ao preso político”, ateando fogo em galinhas vivas em alusão ao momento violento e autoritário que o país vivia.

Ainda em 1970, o jovem Cildo participou da histórica exposição coletiva “Information”, no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), que reuniu boa parte da produção de matriz conceitual da década de 1960. O artista também participou, em 1989, da mostra “Magiciens de la Terra”, sediada no Centre Pompidou e Halle de la Villette, em Paris – um projeto ambicioso que marca a inserção, no circuito de instituições artísticas europeias, de produções que escapam dos modelos culturais definidos pela Europa e pelos Estados Unidos.

Em toda sua trajetória, Cildo Meireles explora a complexidade da linguagem e das imagens, articulando relações entre o poético, o político e o filosófico. Sua obra também se caracteriza pela apropriação de objetos do cotidiano e pela sua inserção direta no mundo, sem a mediação de espaços institucionais. Um dos principais exemplos dessa empreitada é a série “Inserções em Circuitos Ideológicos” (1970), que consiste na impressão de frases subversivas em cédulas de dinheiro e garrafas de Coca-Cola e na devolução desses objetos à circulação cotidiana, em meio à ditadura militar.

Na década de 1990, o artista ganhou retrospectivas de sua obra no IVAM Centre del Carme, em Valência (1995), e no The New Museum of Contemporary Art, em Nova York (1999).

Cildo Meireles foi o segundo artista brasileiro a ter uma exposição retrospectiva no museu Tate Modern, em Londres, em 2008. No ano anterior, uma exposição dedicada a Hélio Oiticica havia sido apresentada.

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